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Soja perde até 20% nos últimos 30 dias com pressão do dólar e compradores fora do mercado

7 de dezembro de 2020 Notícias gerais

O Brasil vai fechando mais uma semana com poucos novos negócios sendo efetivados no mercado da soja. Os preços se acomodaram nos últimos dias, acumulam perdas de até 20% no últimos 30 dias em algumas praças, e afastam aina mais os já distantes vendedores do mercado. Parte desta pressão vem do câmbio, mas também com os compradores se retirando do mercado com a chegada do final do ano. 

"A maioria das indústrias já está parada e os produtores já venderam bastante. Temos apenas negócios escassos e agora não há novos fechamentos", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. 

DÓLAR

No intervalo de 3 de novembro a 3 de dezembro, o dólar comercial perdeu mais de 10%, passando de R$ 5,75 para R$ 5,13. As baixas recentes se deram, principalmente, com melhores notícias sobre a economia do Brasil. No terceiro trimestre do ano, dados dos PIB (Produto Interno Bruto) trouxeram um crescimento recorde de 7,7%, de acordo com o IBGE.

Nos primeiros quatro dias de dezembro, de acordo com a agência de notícias Reuters, o real já apresenta uma valorização de 3,6%, enquanto o dólar se mantém próximo de sua mínima em quatro meses. Assim, este passa a ser, em meses, o melhor desempenho da moeda brasileira desde 3 de novembro. 

"Vemos uma janela de oportunidade para aumento de otimismo em relação aos ativos brasileiros nos próximos meses", disseram analistas do Barclays em nota, ainda segundo a Reuters. 

A volatilidade para o dólar, todavia, deve se estender para o próximo ano, focado não só nas questões internas, mas também no andamento da retomada da economia global no pós pandemia. 

Gráfico dólar 3/11/2020 - 3/12/2020

Dessa forma, algumas praças como Sorriso, em Mato Grosso, acumulam uma perda de 20%, com sua referência para a soja disponível passando de R$ 175,00, em 3 de novembro, para R$ 140,00 por saca. Já em Tangará da Serra, a perda foi mais tímida - de 1,75% - com o valor caindo de R$ 160,00 para R$ 158,00. 

No Mato Grosso do Sul, em São Gabriel do Oeste, a perda foi de 11,76%, com o preço passando de R$ 170,00 para R$ 150,00 por saca; em Jataí, Goiás, perda de 7,05% no mesmo intervalo de R$ 156,00 para R$ 145,00; e em Castro, no Paraná, a saca da oleaginosa foi de R$ 160,00 para R$ 147,00, com uma baixa acumulada de 8,13%. 

Ainda como explica Brandalizze, as indústrias estão bem abastecidas, fecharam bem o ano - apesar das margens um pouco mais ajustadas dada a pouca oferta e os preços do grão bastante elevados, em patamares recordes - e devem começar 2021 "com o pé no acelerador". E assim, o setor deverá, portanto, dominar a demanda no começo do próximo ano. 

Depois do dia 10 de janeiro, as atividades serão reestabelecidas e a procura pela matéria-prima será intensa, puxada, principalmente pelo setor de rações. "O Brasil deverá seguir como grande exportador de proteínas, e teremos também a demanda do setor do óleo", diz o consultor. 

Para o ano que vem, além das projeções de exportações maiores de carnes pelo país, há a previsão ainda do B13, ou seja, a mistura de 13% de biodiesel - onde a principal matéria-prima é o óleo de soja - no óleo diesel. E por isso, Brandalizze não aposta em uma disputa entre exportações e demanda interna no começo de 2021, mas sim um destaque do consumo interno. 

"Além disso, o mercado interno ainda paga melhor do que a exportação e a China está bem comprada também para os próximos meses", complementa Brandalizze. 

SAFRA NOVA

Da safra nova, são mais de 165 milhões de toneladas já comercializadas pelos produtores brasileiros e, frente a um desenvolvimento ainda bastante incerto diante das adversidades climáticas, o sojicultor segue evitando novos negócios. "O atraso que se deu, principalmente no começo do plantio, assustou todo mundo e agora as vendas novas são escassas", diz o consultor. 

Também sentindo alguma pressão do dólar - mesmo sendo sustentada pelos altos níveis em Chicago e pelos prêmios positivos - os atuais patamares de preços nos portos para a soja da safra nova nos portos do país variando entre R$ 137,00 e R$ 141,00 por saca também não atraem os vendedores. 

"Esse é um mercado típico de final de ano, de dezembro, é calmaria", conclui Vlamir Brandalizze.

PREÇOS EM 2021

A frente, as perspectivas para os preços são positivas e firmadas na ajustada relação de oferta e demanda que já é conhecida pelo mercado, ainda como explicam os especialistas. 

"O produtor vai continuar vendendo esporadicamente, da mão para a boca, e vai seguir essa conduta", acredita Ginaldo de Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro. "Ele está tranquilo, com dinheiro em caixa, guardar essa soja e vender no ano que vem. Ele não vai mais vender soja essa ano".

Fonte: Notícias Agrícolas

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